O que são as Emissões Otoacústicas?
Podem ser definidas como a liberação de energia sonora da cóclea, que se propaga na orelha média até o meato acústico externo. Podem ser geradas de forma Espontânea ou Evocada. Pode ser identificada em 98% das orelhas de indivíduos adultos com audição normal, independe de sexo, idade e outros.
Qual o objetivo deste teste?
As Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE) são testes realizados para avaliar a audição em indivíduos, especialmente em neonatos, conhecidos também como testes da orelhinha. No Brasil é conhecida como TANU (Triagem Auditiva Neonatal Universal) e é estabelecida como obrigatória pela Lei Federal nº12.303 de 2010.
O teste da orelhinha, ou triagem auditiva neonatal, é fundamental para a detecção precoce de problemas auditivos em bebês recém-nascidos. O objetivo principal desse teste é identificar possíveis déficits auditivos para que a intervenção seja iniciada o mais cedo possível, permitindo que a criança desenvolva habilidades de linguagem e comunicação adequadas.
Apesar desse exame auditivo ser comum em crianças, adultos também podem realizar o teste, caso seja solicitado por um especialista a fim de pesquisar as condições de funcionamento da orelha interna.
Emissões Otoacústicas Transientes x Emissões Otoacústicas por Produto de Distorção
Esses testes utilizam sons para estimular as orelhas e medem a resposta gerada pelo sistema auditivo periférico. Existem diferentes tipos de EOAE, sendo as Emissões Otoacústicas Transientes (EOAT) e as Emissões Otoacústicas por Produto de Distorção (EOAPD).
As EOAT são sons breves, normalmente um clique de alta intensidade (80db) que são apresentados ao ouvido do bebê através de uma sonda apresentando componentes em curta latência em frequências altas (4kHz e 5kHz) e os de longa latência em frequências baixas (1kHz). Estas respostas são captadas pelo microfone da sonda colocada no ouvido da criança e enviadas a um equipamento especializado, que analisa a presença ou ausência das emissões. Critérios de Análise: Em geral considerada resposta verdadeira em neonatos com a reprodutibilidade(%) ≥ 70, a relação sinal/ruído ≥5, em crianças reprodutibilidade (%) ≥ 70, a relação sinal/ruído entre 3 e 5 e em adultos reprodutibilidade (%) ≥ 50, a relação sinal/ruído ≥3.
Já as EOAPD geralmente são dois tons puros entre 55-65dB simultâneos (f1 e f2), que produzem como resposta o produto de distorção (2f1-f2). Essas emissões são registradas pela sonda colocada no ouvido da criança e analisadas pelo equipamento, que pode indicar se há alguma perda auditiva sensorioneural. Critérios de Análise: A amplitude da resposta para alguns autores deve ter valor da medida positivo e acima de 5dBNPS para pessoas com normal e abaixo de -10dB em casos de perdas auditivas. Dpgram mostra a variação de f1 e f2 e assemelha-se a curva audiométrica uma vez que traz a resposta em dB NPS medida nas frequências sonoras testadas.
Indicadas para avaliação complementar em casos de ausência de detecção de Emissões Otoacústicas transientes.
Como é realizado?
É importante destacar que o teste da orelhinha não é invasivo e não causa desconforto para o bebê. Ele pode ser realizado logo nos primeiros dias de vida da criança, preferencialmente antes da alta hospitalar. Além disso, é considerado um procedimento rápido e eficaz, com resultados imediatos.
Uma sonda será posicionada na orelha do paciente, a fim de selar o conduto auditivo. Esta sonda possui internamente um fone e um microfone acoplados a sua estrutura. Isso permitirá a emissão e captação destes estímulos.
Dicas para realização do teste:
Sempre mantenha a ponta da sonda desobstruída, primeiramente utilize o extrator de pontas para desacoplar a ponteira sem prejuízos da sonda. Você pode utilizar um fio dental (Oral-B" Superfloss Regular) para realizar o procedimento de limpeza.
Para a desinfecção, mergulhe a ponta de sonda em um recipiente de vidro ou plástico, coloque a solução desinfetante diluída (siga as recomendações indicadas nas instruções) e garanta que o objeto esteja completamente submerso. A temperatura desta mistura não deve ser inferior a 18ºC. Enxague e seque a ponta da sonda, não deixando resíduos químicos ou resquícios de sujidades.
O seu kit é composto por diversos tipos de olivas, é importante que adeque ao paciente o melhor tamanho com o objetivo de selar o conduto auditivo, impossibilitando o vazamento da emissão ou a interferência de ruídos externos na captação.
Coloque a oliva profundamente na sonda de emissões. A oliva deve ser ajustada até que seu terminal esteja alinhado ao terminal rígido da sonda. Olivas inseridas de maneira incompleta produzem flutuação no sinal do estímulo.
Esteja em um ambiente calmo, sem barulhos de obras, máquinas... Isso auxiliará na agilidade do seu teste.
Visualizando resultado das suas Emissões Otoacústicas no:
Emissões Otoacústicas Transientes
Emissões Otoacústicas por Produto de Distorção
Emissões Otoacústicas Transientes
Durante o teste Após o término do teste
Emissões Otoacústicas por Produto de Distorção
Durante o teste Após o término do teste
Toda a análise é feita automaticamente, os algoritmos trabalham em função dos parâmetros previamente estabelecidos para determinar e o paciente “PASSOU” ou “FALHOU”.
Parâmetros fundamentais para serem levados em consideração na análise dos resultados (evitando falso-positivo ou falso-negativo)
- Reprodutibilidade
- Estabilidade da Sonda
- Contagem de frequências para passar
- Relação Sinal-ruído
- Número de estímulos pré-configurados
* Importante: Sempre personalize seus testes e garanta que todos os parâmetros estejam selecionados corretamente e embasados em referências bibliográficas. *
Se o paciente falhar nas emissões?
Siga o protocolo de reteste e caso o resultado persista, é de extrema importância que o bebê seja encaminhado para uma avaliação com o otorrinolaringologista para que seja possível ter um diagnóstico com exames mais detalhados, como por exemplo o PEATE.
A orientação familiar é parte essencial deste processo, com o auxílio de profissionais qualificados como fonoaudiólogos e otorrinos, será possível iniciar a reabilitação auditiva o quanto antes, se necessário.
Autor: Maria Eduarda Aidar Santillo
Referências:
3. SciELO - Brasil - Emissões otoacústicas evocadas transientes e por produto de distorção em escolares Emissões otoacústicas evocadas transientes e por produto de distorção em escolares - Doi: https://doi.org/10.1590/S0034-72992008000400004
4.Gorga, Michael P.; Stover, Lisa; Neely, Stephen T.; Montoya, Danielle (1 de agosto de 1996). «The use of cumulative distributions to determine critical values and levels of confidence for clinical distortion product otoacoustic emission measurements». The Journal of the Acoustical Society of America (2): 968–977. ISSN0001-4966. doi:10.1121/1.416208. Consultado em 28 de julho de 2022
5.Stimulated acoustic emissions from within the human auditory system». The Journal of the Acoustical Society of America. 64. Bibcode:1978ASAJ...64.1386K. doi:10.1121/1.382104
6. Materiais complementares compartilhados pela Neurosoft.
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